Centro Clínico Interdisciplinar Verstandig CRP 06/5814
Psicologia  História do Casamento


Até a destruição do Império Romano do ocidente, em 476a.C., o casamento alicerçava-se em um acordo formal entre o noivo e o pai da noiva, em que este pagava um dote para o futuro marido de sua filha e esta, por sua vez, não tinha sua vontade ou desejos considerados, assim, compreende-se que a mulher era dada para o marido, representando uma transferência de casa e de senhor. Havia, portanto, o que os autores chamam de “religião doméstica”, que representa essa passagem do culto à família de origem ao culto à família do marido. Dessa forma,  pode-se dizer que o casamento, desde os primórdios da civilização, tinha um caráter  também religioso (Costa, 2007).

A cerimônia era noturna e acontecia na presença de parentes e amigos, o cortejo passava de casa em casa e era puxado por cavalos, ou os noivos iam a pé. O enxoval era presente do pais da noiva e os amigos presenteavam com o que escolhessem, fazendo do casamento um ato público.

O casamento foi incluído nos fundamentos da Igreja Católica a partir do Concílio de Florença, em 1439, quando o papa Eugênio IV conseguiu impor sua autoridade. Em primeira instância, o casamento tornou-se indissolúvel, porque segundo a Igreja, “o que Deus une, o homem  não separa”,  a poligamia e o concubinato foram proscritos e a infidelidade tornou-se pecado. Nessa mesma época a Igreja sobrepôs o conceito de família ao de casal estabelecendo que a relação sexual no casamento não podia visar o prazer, apenas a procriação.

Já durante a Idade Média, a importância do amor no relacionamento conjugal era extremamente reduzida, o amor era conseqüência de uma vida em comum e não a base do relacionamento conjugal, sendo a regra primeiro casar-se e depois amar seu parceiro (Costa, 2007).

Entre a Renascença e a Idade Moderna, as mulheres começaram a casar-se com um pouco mais de idade. As mulheres da aristocracia e  da classe média, casavam-se mais do que as de classe operária, devido ao valor dos dotes pagos por suas famílias que eram cada vez mais elevados. Em alguns casos, devido à sua situação econômica e ao número de filhas, algumas famílias eram obrigadas a escolher quais filhas poderiam se casar e quais permaneceriam solteiras. O noivo era escolhido de acordo com sua classe social e situação econômica.

A partir de 1500, principalmente na área Rural da França, os casamentos duravam menos de 15 anos por conta da morte de um dos conjugues – principalmente mulheres por conta do grande número de filhos e as conseqüentes complicações advindas do momento do parto– Os viúvos, homens e mulheres, antes dos 30 anos costumavam voltar a se casar na mesma proporção, mas após os 40 anos, o número de mulheres que recasavam diminuía muito.  Por esse motivo, os homens viúvos tendiam a se casar com mulheres mais jovens (Costa, 2007).

Alguns casamentos não eram bem vistos pela Igreja e pela sociedade, pois casar-se pela terceira ou quarta vez, casar-se grávida ou sem realizar uma cerimônia tradicional, ter grande diferença de idade entre os cônjuges ou pertencer a classes sócio-econômicas distintas era considerado um afrontamento às idéias conservadoras da época.

Apenas no século XVIII o casamento igualitário, baseado no afeto mútuo e na compatibilidade sexual se tornou habitual, originando o que na atualidade conhecemos como casamento por amor. Segundo Costa (2007) tal fato está diretamente relacionado com a inserção da mulher no mercado de trabalho, o que fez com que ela passasse de propriedade privada e reprodutora para o lugar de produtora e também parte da classe operária.

No século XX, o conceito de que a família é indestrutível, mas o casamento nem sempre, torna claro que as questões biológicas e de hereditariedade ligam pais, filhos, irmãos e irmãs para sempre. A cultura do século XX, enriquecida pelos pensamentos psicanalíticos, a profissionalização da mulher, os métodos anticoncepcionais e a legalização do divórcio, afastaram o casamento da influência familiar, da religião e do Estado, permitindo que assumisse mais verdadeiramente sua condição de relacionamento amoroso e sua conotação sexual.

Segundo Costa (2007), pesquisas realizadas na França e na Suécia, no século XX, o número de casais não casados era superior ao contingente de casais casados e, em contrapartida, nos Estados Unidos, o número de divórcios crescia rapidamente. Segundo especialistas, agora, no século XXI o número de divórcios continua progredindo em larga escala.

Na contemporaneidade costuma-se cometer o engano de se acreditar que os casamentos atuais são piores e mais sensíveis que antigamente, no entanto, o que ocorre é que questões como qualidade conjugal, afinidade e amor são as forças motrizes das uniões atuais e, portanto, não havendo satisfação conjugal e devido as facilidades legais de se terminar uma união, as pessoas optam por se separar ao invés de permanecerem juntas “Até que a morte as separe”, como era antigamente.

 Construindo a conjugalidade: uma proposta de intervenção junto a casais, 2105                                                                                                                                Marcia Verstandig - CRP. 06\29734


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